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2023

Janeiro chega desvendando para mim, a origem do nome "Brejal": a área de plantio vira uma piscina, quase tudo alagado... Nesse ponto da linha do tempo, ainda sou eu o principal braço do trabalho, além da cabeça. Claro que com ajudas variadas, na base da diária, todas muito valiosas, mas, a encrenca era minha responsabilidade. No dia 1 dessa empreitada, para "melhorar", a luz acabou, e junto com ela, a internet. Sendo assim, me restou a pá, a enxada e disposição pra achar um rumo para a água escoar. A isso se seguiram alguns dias de sufoco e mais chuva, acompanhada de muito calor: alegria dos fungos no lugar errado, nas folhas... Uma vontade de fugir correndo! A vantagem de experimentar todas as partes do trabalho é que no meu caso, que entrei nessa área vinda de outra, traz a gente para a realidade a jato. Descobre-se depressa que as coisas não são fáceis, não são rápidas, mas, têm alguma solução. E te oferece a oportunidade diária de querer desistir, mas também de tomar coragem para ir adiante, te obrigando a sair, ou melhor, praticamente não entrar, na zona de conforto.

Com todo o alagamento, muita Cavalinha, muito preparado biodinâmico chifre-sílica depois, e as plantas voltariam ao normal, com exceção de umas dez, que ficaram entre amareladas e/ou avermelhadas, e não resistiram. Mas enquanto a área de plantio alagava, o trabalho com as mudas andava, e também dava umas tropeçadas...

mudas de valeriana

Semente não era um problema, só se fosse pelo excesso. Na área alagada ainda havia muitas por colher. Resolvi fazer muitas mudas, muitas mesmo, e fiz. Porém, elas cresceram rápido, e o clima fora do viveiro, quente demais, úmido demais, não era nada propício ao plantio, e eu ainda buscava me transferir para uma área sem risco de alagamento. Transferia as mudas das bandejas para sacos maiores para poder esperar. E aí, vieram as formigas! E além delas, ratinhos roendo os sacos por baixo, imagino que atraídos pelo cheiro da raiz. No rastro deles, os pulgões. Moral da história: ainda bem que o número de mudas era imenso, pois foi possível repartir com todos esses bichos e ainda sobrar bastante para plantar... E com tudo isso acontecendo, restava o problema fundamental: para que ponto mais alto eu iria?! 

Conversa daqui, conversa dali, ouve os mais experientes, produtores que estão há anos na fazenda, o encarregado, nascido e criado lá, me embrenho em vários matos, e chego a um lugar que os antigos chamavam "Noruega", o lugar mais frio da fazenda, parado há quase 30 anos. Uma lindeza infinita. É pra lá que eu vou! Porém, isso já é março, chove muito, difícil preparar a terra, e só consigo fazer isso já em abril. Pela minha lentidão e cuidado na roçada, ganho como apelido, o nome de uma figura feminina da política, conhecida pela preservação do meio ambiente. Dou umas risadas, mas acabo honrada, pois realmente, avaliei cada pedaço que rocei e as poucas arvores que precisei retirar. Tudo foi incorporado.

Nessa nova área,  precisava fazer todas as instalações para levar as plantas, havia a questão da colheita das raízes da área de baixo, no inverno, cuja venda já estava acertada com um laboratório farmacêutico. Era uma montanha de providências. Tudo foi feito, mas, só conseguiríamos levar as plantas para o novo local, no início de junho. Então, sofro um acidente e quebro o fêmur, cirurgia, dois parafusos e imobilidade por 3 meses... Como a vida provêm, em abril, havia chegado um rapaz que queria trabalhar fixo. Jovem, atento, disposto a aprender, e eu a compartilhar o que sabia. Começamos essa nova estrada. Ele seria meus olhos e braços durante quase 40 dias que  não pude comparecer à fazenda. Depois, as muletas não me impediram de ir... E assim, seguimos, lidando com o imprevisível, dessa vez, literalmente, em mim.

colheita de raizes
secagem de raizes de valeriana
rizoma de valeriana
valerianas colhidas para uso da raiz

A venda possibilitou aprender sobre colher, lavar, processar e secar, ou seja, completar um ciclo produtivo até a venda para o uso medicinal da raiz. Fazer o suco da flor, para obter o preparado biodinâmico de Valeriana, é algo que sempre fiz para uso próprio e em pouca quantidade. Se usasse a flor, no passado, não teria muitas mudas, pois precisava de sementes...

Enquanto isso, as mudas colocadas no chão em junho, tardiamente, cresciam bem. 

cultivo irrigado de valeriana
flor de valeriana
flor valeriana
flor de valeriana

As plantas cresceram, deram flores, as flores se foram, e depois delas, vieram as sementes, nesse belíssimo ciclo da vida, que se renova infinitamente, passando sempre pelas mesmas etapas, mas nunca igual ao que passou.

sementes de valeriana
joaninha e valeriana

Viveiro reformado, árvores do entorno

podadas, bandejas cheias.

Tudo pronto para recomeçar

um novo ciclo, o sexto....

valerianaofficinalis.com.br

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