
UMA EXPERIÊNCIA DE CULTIVO BRASILEIRA
A Valeriana e eu

Tudo começou com a necessidade de escolher uma planta para o trabalho de observação fenomenológica do curso de Pós-graduação em Agricultura Biodinâmica, em 2018.
Da circunstância de ter uma terra em altitude elevada, com o clima apropriado, surgiu o motivo para observar a Valeriana.
Eu supostamente teria essa “facilidade” em relação às dificuldades de germiná-la no Brasil: pelo clima, indisponibilidade de sementes, etc.
Habituada aos desafios e trabalhos complexos durante toda a vida profissional, não pensei muito, fui. As dificuldades vieram sob a forma inicial de conseguir sementes, depois de fazê-las germinar, processo que comecei no Rio de Janeiro. Posteriormente, levei-as para a Bocaina, a 270km de onde moro e 1.760m de altitude. Só esta distância já seria um item complicador: mais de 500km para ir e vir. Durante o tempo que a observação precisava durar, cerca de um ano, vivi com essa tarefa que muitas vezes se confundia com uma necessidade, um chamado: não deixar as plantas morrerem, transplantá-las de vaso em vaso à medida que cresciam, mantê-las em vasos para que formigas e outros insetos não acabassem com meu objeto de observação. Manter as plantas vivas foi uma tarefa que durou um ano, com muitos desdobramentos. Hoje, percebo que por causa da prática do design, sou uma solucionadora de problemas bastante versátil, e essa habilidade me foi muito útil.
Meu trabalho acadêmico de observação terminou em 2019. Minha pequena experiência de cultivo chegou ao ponto de dar flores e sementes, cresceu e mudou de lugar. Já são sete anos, sete ciclos completos: colhendo minhas próprias sementes, fazendo minhas próprias mudas e cultivando-as. Em 2023 uma novidade: aquele ciclo incluiu o processamento – colheita, lavagem, corte, secagem e venda das raízes para uso medicinal. Mais um passo no conhecimento e estudo dessa planta tão fascinante. Hoje, o cultivo é orgânico, certificado pela AbioRJ, por meio do Sistema Participativo de Gestão.
A primeira semente foi plantada no meu coração. Seguimos juntas, eu e as Valerianas...